Vagner Mancini se despediu neste sábado da função de técnico do São Paulo. O empate por 0 a 0 com o Palmeiras, no Morumbi, no primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paulista, foi o último do profissional antes de passar o bastão para Cuca. Mancini volta para o cargo de coordenador de futebol do clube – e acredita que deixa a equipe em boas condições para a transição. – Vou até o fim do campeonato, mas em outra função. O que acertamos com o Cuca foi cumprido. A única maneira de ele assumir era que alguém fizesse por 50 dias a parte dele, pois ele estava impedido de assumir em termos médicos. Agora, chega na semana que vem e tem uma equipe no caminho do que achamos ideal, uma equipe que tem renovação dentro dos 11. Vão haver mudanças quando ele assumir. O São Paulo acertou quando acertou com Cuca. Estamos numa semifinal em igualdade de condição. Ele chega num momento bom, felizmente, e a entrega é natural, foi acordada.
Na visão de Mancini, houve evolução na equipe. Ele comandou o São Paulo por nove jogos, com três vitórias, quatro empates e duas derrotas.
– Em termos técnico-táticos, a equipe evoluiu muito, mostrou hoje (sábado), mas ainda falta alguma coisa. Falta apertar mais, sair de trás com rapidez, ter um pouco mais de velocidade objetiva. Essa mudança leva tempo, não são em semanas ou um mês que você vai atingir a plenitude. Está na segunda metodologia de treinamento e vai ter a do Cuca. Tentamos alinhar o que pensamos para que essa transição fosse feita com inteligência e atingimos isso. O time joga de uma forma muito mais leve e solta, e Cuca vai pegar o time já mais perto do que ele pensa.
Palmeiras favorito? Não para Mancini Mancini foi questionado sobre o eventual favoritismo do Palmeiras para avançar à decisão do Campeonato Paulista. E rejeitou a ideia.
– Sinceramente, pelo o que vi hoje (sábado), não (é favorito o Palmeiras). As equipes se equiparam, acho que vai ser um outro jogo neste molde, com oportunidade de ambos os lados. Talvez por jogar em casa e com sua torcida, o Palmeiras tenha mais força ofensiva, mas vejo equilíbrio. Uma grande oportunidade do São Paulo de bater um carimbo de que houve uma mudança de fase. Teve muita pressão, muita cobrança. Temos possibilidade de, na casa do rival, estabelecer nossa vaga na final do campeonato.
Para Mancini, o clássico é uma grande oportunidade de o São Paulo mudar sua história recente. Ele usou uma frase de efeito para analisar a situação: a chance de escrever páginas positivas num livro que vinha sangrando.
– Temos uma grande oportunidade no domingo, jogando na Arena do Palmeiras, para jogar a final. Até com um empate podemos ir, vencendo nos pênaltis. Temos uma semana, o Palmeiras joga terça. Cuca vai chegar. Temos ingredientes e fatos novos que podem aparecer e dar uma estimulada maior, dar uma motivada. Sempre que chega um novo técnico, há uma mudança, há mexida de espaços. Espero que isso seja favorável, que a gente faça um grande jogo, chegue numa final, seria uma grande oportunidade de voltar a escrever páginas positivas num livro que vinha sangrando. Importante a oportunidade.
Vagner Mancini também analisou a partida deste sábado. Ele aprovou o desempenho do time e elogiou o comportamento da torcida no Morumbi.
– O São Paulo teve uma ligeira vantagem nos 90 minutos. Enquanto o São Paulo marcou de perto, demos dificuldade (...) As duas equipes se equiparam, o São Paulo melhorou muito nos últimos jogos. Hoje (sábado) a torcida do São Paulo foi brilhante, jogou junto durante todo o jogo, por isso tivemos êxito. Estamos satisfeitos por ter brigado em igualdade de condições – disse o treinador/dirigente.
Confira outras respostas de Vagner Mancini
Pênalti para o Palmeiras anulado pelo VAR
– Na hora em que aconteceu o lance, achei que não tinha sido pênalti, mas vi a marcação firme do árbitro. Depois, vi na TV e sigo achando que não foi pênalti. E a não-marcação fez com que o árbitro analisasse lances de forma diferente no segundo tempo. Deixou de marcar três faltas para o São Paulo, em Antony, Everton e Pablo. A postura dele se alterou ao longo do jogo. Quando você reclama de algum lance e vê na TV que sua interpretação foi errada, a gente fica um pouco envergonhado. Na hora, não me exaltei porque tinha dúvida, achava que não era pênalti, mas não tinha certeza absoluta. O VAR está interferindo nisso. Temos que achar um mecanismo para que o VAR proteja e ajude o futebol, e não que gere dúvida e faça o árbitro apitar de forma diferente.
Alexandre Pato
– Tenho que falar numa nova função. O Cuca assumindo, a ideia dele vai ser materializada. Vendo de fora, acho que o Pato tem tudo para ajudar, e muito. É talentoso, refino técnico grande, finalizador nato, todas as equipes grandes têm de ter jogador assim. Se vai ser titular ou reserva, a gente não sabe, o tempo acaba demonstrando uma série de coisas que a gente pensava que seria uma coisa e é outra. Mas não tenho dúvida de que é um atleta experimentado, já passou por aqui, deixou saudades, o torcedor gosta, essa química tende a ser favorável ao clube.
Clássicos
– O São Paulo, para se maturar e voltar a ser forte, tem que voltar a vencer clássicos. Hoje (sábado) fez um jogo muito interessante e muito diferente diante de Santos, Corinthians e Palmeiras. Contra o Palmeiras, no Pacaembu, jogou bem parte do jogo, mas hoje foi melhor, foi mais insinuante, teve mais o domínio absoluto do jogo enquanto teve o domínio.