Governo ampara desalojados por Copa-14
07/02 - 08h34
Times "desabrigados" e uma conta, toda bancada com dinheiro público, que já ultrapassa os R$ 120 milhões. Este será um dos efeitos colaterais da realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Ao optar, quase sempre, por reformas em estádios (previstas na maioria dos casos para durar dois anos) no lugar de construir novas arenas, o Mundial brasileiro vai deixar sem campo praticamente duas dezenas de clubes. E a solução para o problema promete ser cara. Em regime de urgência, governos estaduais, com o auxílio de dinheiro federal, já começaram a investir em estádios alternativos enquanto os que serão usados na Copa estiverem fechados. O primeiro caso concreto é uma prova de que os investimentos serão altos e o estouro no orçamento e no tempo das obras, um fato corriqueiro. Após o desabamento na Fonte Nova no final de 2007, o governo da Bahia iniciou a reforma do estádio de Pituaçu, que vai servir para o clube Bahia jogar enquanto a remodelação da Fonte Nova, que começa em 2010, durar. A obra estava orçada em R$ 20 milhões e com duração prevista de cinco meses. Acabou custando R$ 55 milhões aos contribuintes baianos, além de inaugurada seis meses depois do previsto. O próximo orçamento que será testado será o do estádio Independência, que vai abrigar os jogos de Atlético-MG e Cruzeiro enquanto durarem as obras no Mineirão, previstas para demorar dois anos. Mesmo sendo propriedade particular -pertence ao América-MG-, o estádio irá receber pelo menos R$ 40 milhões em injeção de dinheiro público. "Há um compromisso do governo federal em transferir esses recursos [R$ 30 milhões]. O Estado complementaria em torno de R$ 12 milhões a R$ 14 milhões. E o Independência seria administrado, durante cinco anos, pela Ademg [Administração de Estádios do Estado de Minas Gerais] para que possa sediar jogos dos campeonatos Mineiro e Brasileiro. Após cinco anos, o estádio retorna à responsabilidade do América", afirma Aécio Neves (PSDB), o governador mineiro. Em Goiânia, a ideia também é usar dinheiro vindo do DF para remodelar um estádio pequeno para abrigar os times da cidade, incluindo o Goiás, enquanto durar a reforma do Serra Dourada, caso a cidade seja escolhida como sede da Copa. O governo de Goiás pretende ampliar o estádio Olímpico para 20 mil lugares (hoje tem 12 mil e modesta estrutura). No lugar, também serão construídas instalações para outras modalidades. "O custo geral do estádio Olímpico será de R$ 25 milhões, R$ 30 milhões. Isso com ajuda do governo federal", diz Eduardo Carneiro, administrador do Serra Dourada. Manaus, caso entre no programa da Copa, terá um dos cenários mais conturbados para os clubes da cidade. Hoje, o único campo em boas condições na capital amazonense para jogos do Estadual é o Vivaldão, que ficará fechado por pelo menos dois anos para sua reconstrução visando 2014. "Podemos mandar os jogos para alguns estádios de cidades do interior", fala Dissica Tomaz Valério, presidente da Federação Amazonense de Futebol, que também pretende investir R$ 1,8 milhão na construção de um estádio para 5.000 pessoas. Segundo ele, as finais do Amazonense reúnem cerca de 10 mil pessoas. "Ela [a torcida] vai ficar meio prejudicada nesse novo estádio, que é simples, mas a causa justifica o sacrifício", declara o cartola. No Rio, o Maracanã também ficará fechado por dois anos. A cidade tem o Engenhão, mas a Polícia Militar vetou o estádio para clássicos no ano passado alegando falta de segurança.